Argumento
Deve haver um poderoso anjo da guarda a velar pela mais famosa das obras de Kenneth Grahame (1859-1932), “O Vento nos Salgueiros”. A sua adaptação televisiva, realizada entre 1984 e 1988, é uma referência na animação de volumes, e deixou uma marca indelével na memória de quem acompanhou as aventuras e desventuras do rato, do sapo e da toupeira. A sua adaptação cinematográfica, em 1997, pela mão de Terry Jones e boa parte da trupe dos velhos Monthy Python (…), é um pequeno filme de culto, muito elogiado. Agora, a sua adaptação à bd, pela mão de Michel Plessix, é uma notável exibição de talento, e, para o público infanto-juvenil (…) aquilo que o autor francês produz é um verdadeiro tratado de bom gosto e requinte, tanto na mera adaptação do texto (para crianças, o livro até pode parecer um pouco palavroso, mas flui admiravelmente), como na qualidade da planificação, que poderíamos classificar como “cinematográfica” em virtude da variedade de ângulos adoptados e da alternância entre establishing shots, grandes planos e planos de pormenor, mas que, bem vistas as coisas, está profundamente ligada à bd – no trabalho de Plessix, tal como nos grandes autores, a prancha não é jamais um simples somatório de vinhetas, mas uma entidade com um valor plástico próprio